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atividades, textos, etc; que possam de fato nos ajudar nesta caminhada na
educação, espero que vocês gostem e não esqueçam de deixar um comentário.




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sexta-feira, 11 de julho de 2008

Atividades com alunos da 4 série da Escola Municipal João Pessoa






Trabalhei a música SOPA do grupo palavra cantada com os meus alunos da 4ª série, de início ouvimos a música, eles cantaram e acharam-na muito divertida.
Logo depois construímos uma lista com as palavras que faziam parte dos ingredientes que a letra da música trazia e selecionamos dentre estes quais realmente eram alimentos e o valor nutricional de cada um.
Foi muito interessante, pois trabalhamos paralelamente a questão ortográfica, os alunos construíram as palavras com o alfabeto móvel e logo após realizaram a escrita no cartaz.

alfabetização na perspectiva construtivista

ALFABETIZAÇÃO/CONSTRUTIVISTA
Ao invés da clássica pergunta: como se deve ensinar a escrever, Emilia Ferreiro perguntou como alguém aprende a ler e escrever independente do ensino.
O aluno como sujeito

As teorias desenvolvidas por Emilia Ferreiro e seus colaboradores deixam de fundamentar-se em concepções mecanicistas sobre o processo de alfabetização, para seguir os pressupostos construtivistas/interacionistas de Vygotsky e Piaget. Do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, que passa a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe é "ensinado". Na perspectiva dos trabalhos desenvolvidos por Ferreiro, os conceitos de prontidão, imaturidade, habilidades motoras e perceptuais, deixam de ter sentido isoladamente como costumam ser trabalhados pelos professores. Estimular aspectos motores, cognitivos e afetivos, são importantes, mas, vinculados ao contexto da realidade sócio-cultural dos alunos(letramento). Para Ferreiro, "hoje a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão política, integral, para explicar a aprendizagem". O problema que tanto atormenta os professores, que é o dos diferentes níveis em que normalmente os alunos se encontram e vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização, assume importante papel, já que a interação entre eles é fator de suma importância para o desenvolvimento do processo.

Níveis estruturais da linguagem escrita.
A criança elabora hipóteses sobre a escrita Os níveis estruturais da linguagem escrita podem explicar as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos alunos. Segundo Emilia Ferreiro são:
1) Nível Pré-Silábico- não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:
Diferenciar entre desenho e escrita
Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras
Reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita
Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
Atividades que podem ajudar a avançar dessa fase:
- Mostrar onde se lê. Como nos portadores de texto, passe a mão para fazer a leitura. Peça que eles façam a pseudoleitura. Não deixem em momento algum de fazer o trabalho de base alfabética.
- Dêem fichas do nome, bingo de nomes, de letras.
- Leve jornal, revistas para a sala, monte o cantinho da leitura.
- Sempre que possível peça para a criança escrever o que ele desenhou, escrever o nome para identificar a sua “obra”.
- Dar giz para escreverem o nome, a parlenda, o nome da brincadeira.
- Fazer muitas listas.

2) Nível Silábico- pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
Silábico- a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes, ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de sílabas das palavras.
Silábico- Alfabético- convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.


- Continuem com o cantinho da leitura, com os portadores de texto: parlenda, embalagens e rótulos, livros de história, listas, etc. Deixem que visualizem bastante escritas. Façam jogos e atividades onde a criança desestabilize suas hipóteses, como: escrever a palavra deixando as lacunas para preencher ora com vogais, ora com consoantes. Faça reconto, reescritas e produção de texto. Dê letras móveis, faça bastantes jogos e espere que o grupo vai crescer.
3)Nível Alfabético- a criança agora entende que:
A sílaba não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em unidades menores.
A identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas.
A escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.
- É com G ou com J? Sempre que surgir dúvidas esclareça-as. Use o dicionário. Leia e peça que leiam livros motivadores e interessantes. Forme o hábito de fazer reconto com a crianças. Nessa fase faça bastante produção de texto. Interprete os textos lidos ora oral, ora escrito. Desafie sempre!
As atividades devem desafiar o pensamento das crianças e gerar conflitos cognitivos que os ajudem a buscar novas respostas
Smolka diz que podemos entender o processo de aquisição da escrita pelas crianças sob diferentes pontos de vista:
· O ponto de vista mais comum onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo "correto" do adulto;
· O ponto de vista do trabalho de Emília Ferreiro onde escrita é um objeto de conhecimento, levando em conta as tentativas individuais infantis;
· E o ponto de vista da interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo.
Cabe a nós educadores pensar nesses três pontos de vista e construir o nosso. Para a alfabetização ter sentido, ser um processo interativo, a escola tem que trabalhar com o contexto da criança (letramento), com histórias e com intervenções das próprias crianças que podem aglutinar, contrair, "engolir" palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para elas. Os "erros" das crianças podem ser trabalhados. Ao contrário do que a maioria das escolas pensam, esses "erros" demonstram uma construção, e com o tempo vão diminuindo, pois as crianças começam a se preocupar com outras coisas (como ortografia) que não se preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a escrita. Errar faz parte do processo de construção, mas o que o professor não pode deixar acontecer é que a criança passe por ele sem repensar sua atuação, para isso ele deve fazer intervenções inteligentes que coloque seu aluno para reestruturar suas idéias.

A criança é um ser pensante que tem suas lógicas.
A escola tem que entender a interpretação das crianças sobre a escrita

Analisar que representações sobre a escrita que o estudante tem é importante para o professor saber como agir. Não é porque o aluno participa de forma direta da construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo. Ou seja, cabe ao professor organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando que ela aprende. Apesar de ter proporcionado aos educadores uma nova maneira de analisar a aprendizagem da língua escrita, o trabalho da pesquisadora argentina não dá indicações de como produzir ensino. Definitivamente, não existe o "método Emília Ferreiro", com passos predeterminados, como muitos ainda possam pensar. Os professores têm à disposição uma metodologia de ensino da língua escrita coerente com as mudanças apontadas pela psicolinguista, produzida por educadores de vários países. Essa metodologia é estruturada em torno de princípios que organizam a prática do professor. O fato de a criança aprender a ler e escrever lendo e escrevendo, mesmo sem saber fazer isso (pseudoleitura), é um desses princípios. Nas escolas verdadeiramente construtivistas, os alunos se alfabetizam participando de práticas sociais de leitura e de escrita (letramento). A referência de texto para eles não é mais uma cartilha, com frases sem sentido.


"... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam,há uma criança que pensa" (Emília Ferreiro) Achamos oportuno lembrar que o construtivismo não é um método de ensino. Construtivismo se refere ao processo de aprendizagem, que coloca o sujeito da aprendizagem como alguém que conhece e que o conhecimento é algo que se constrói pela ação deste sujeito. Nesse processo de aprendizagem o ambiente também exerce seu papel, pois, o sujeito que conhece faz parte de um determinado ambiente cultural.



A IMPORTÂNCIA DO ERRO CONSTRUTIVO

1.1 Introdução

Jean Piaget, durante os testes de raciocínio, estudou o caminho do raciocínio das crianças através do resgates das lógicas dos erros, resgatando o percurso da evolução do pensamento. Através de alguns questionamentos ele descobriu o caminho de trabalhar a partir do erro. “É errando que se aprende” (dito popular), vai ao encontro da noção de Piaget quando afirma que o conhecimento é um processo de fazer e refazer. Não um fazer e refazer de encher linhas com uma mesma palavra, repetindo corretamente num exercício mecânico na qual a criança decora na hora, mas que com o passar do tempo volta a errar.
O fazer e refazer na perspectiva construtivista é um processo de compreensão e construção de sistema da escrita, segundo Ferreiro (2001, p.15) “...se concebe a aprendizagem da língua escrita como a compreensão do modo de construção de um sistema de representação”. Nas tentativas dos erros e acertos, surgem hipóteses que vão sendo reformuladas. Nesta perspectiva o erro é construtivo quando ele é trabalhado e não evitado.
Entretanto os educadores alfabetizadores, ainda estão presos a visão de que sua tarefa é de apenas transmitir, repetir o saber, ensinando o certo e punindo o errado, desconsiderando, muitas vezes, que as crianças pensam, agem e respondem como crianças, e essas ações, respostas e pensamentos são analisadas do ponto de vista dos adultos.
Hoffmann enfatiza (1997, p.79) “nem todos os erros cometidos podem ser denominados “erros construtivos” passíveis de descobertas por elas em termos de melhores soluções. Os erros construtivos caracterizam-se por sua descoberta lógico - matemática. O erro só é construtivo quando a criança tem que reestruturar seu pensamento” .
A criança, quando entra na escola, já possui uma visão, várias hipóteses sobre a escrita, a troca que acontece na escola entre a linguagem e a escrita vai reformulando as suas hipóteses e caminhando rumo ao conhecimento. Este caminho que a ela percorre na evolução da escrita passa por níveis o pré - silábico, o silábico e o alfabético.
É nessa troca, na reformulação das hipóteses, nas passagens dos níveis que a criança comete erros. Neste período é preciso, trabalhar as dúvidas das crianças e, depois é que devemos fazer as intervenções necessárias. As intervenções em sala de aula precisam ser com atividades dinâmicas, lúdicas que incentivem os alunos a pensar. Propiciando conflitos cognitivos com reflexão e confrontação, sempre tendo em mente que há momentos adequados para todas as explicações.
Os erros são considerados como algo indesejável que é necessário eliminar, mas aos quais não se presta muita atenção. No entanto, os mesmos têm uma grande importância na aprendizagem e muitas vezes vemos que as crianças cometem erros sistemáticos ao aprender e ao explicar determinados fatos. Estes que aparecem em muitas ou em todas as crianças de uma idade determinada, rabiscos que as crianças fazem entre 3 a 4 anos, as palavras espelhadas, esses exemplos estão ligados à estrutura do pensamento.

1.2 O PAPEL DO ERRO NA APRENDIZAGEM

O Professor precisa aprender a falar a linguagem dos alunos e a fazer leitura de suas manifestações para poder acontecer uma reciprocidade onde o educador interage com o educando. O aluno não chega a uma resposta à toa, ele têm um raciocínio, o que pode acontecer é um desvio de pensamento, ou seja, ele não completa o pensamento. Nesse sentido os erros são justificáveis.
Segundo Ferreiro (2001) não devemos nos limitar a explicar a solução correta, nem tão pouco ignorar o erro, mas sim, conduzir o sujeito a buscar comparações que o faça avançar.
Quando uma criança de um ano cai ao tentar aprender a andar, dizemos: “Muito bem! Logo você vai conseguir!” Nunca dizemos: “ Uma criança de sua idade já deveria estar andando. Vou lhe dar um prazo até Sexta-feira”. É assim ainda que alguns educadores se comportam, dando prazos para as crianças aprenderem. Não podemos corrigir de forma imediata os erros, pois fazendo isso, as crianças ficam inibidas e pode impedir a reflexão.
As próprias crianças modificam sua perspectiva em relação ao erro e, também seus conceitos. Muitas crianças escrevem e comparam, e ao fazer isso, sentem que as palavras não estão iguais, elas dizem que não está completo que está faltando, que está trocado, mas não que está errado. Elas já têm a noção construída de que erro não é “erro”, pode ser falta de ... Sem constrangimento ou inibições e sem drama trocam ou acrescentam, sempre tentando, comparando. Ferreiro nos diz que (2001,p.86) ” ...em termos práticos, não se trata de continuamente introduzir o sujeito em situações conflitivas dificilmente suportáveis, e sim de tratar de detectar quais são os momentos cruciais nos quais o sujeito é sensível às perturbações e às próprias contradições, para ajudá-la a avançar no sentido de uma nova reestruturação”.
Para Piaget, a ortografia é concebida como um processo de compreensão e construção de sistema de escrita, na visão construtivista e está ligada à possibilidade do sujeito reconstruir o objeto de conhecimento por ter entendido quais são suas leis de composição. Tal reconstrução permite ao aluno reformular hipóteses a partir de suas descobertas; é um processo de tentativas, de erros e acertos.
Muitos professores, em sua prática tradicional, por desconhecerem a concepção de erro, não o compreendem e nem a sua importância para a alfabetização, ficando presos à idéia de que seu papel é simplesmente o de transmitir o saber, ensinando o certo e punindo o errado. São muitos os que ainda fazem os alunos repetirem corretamente dez ou vinte vezes uma palavra que escreveu errado. Esses educadores não percebem que isso é um exercício mecânico, na qual a criança decora na hora, mas que, posteriormente, esquece e volta a errar.
Foi a partir da década de 80, com o surgimento de novas abordagens sobre a educação que passou a ser trabalhada a abordagem construtivista que, ao contrário da tradicional, não teme o erro. Nessa abordagem, o erro deve ser trabalhado e não evitado. Visa-se, então, a um processo de aprendizagem no qual “errando também se aprende”.
Um exemplo que se pode observar é o seguinte: a professora trabalha o exercício “substitua com s ou ss”; a criança consegue realizar a atividade. Quando a professora apresenta o exercício “substitua com s ou z”, a criança erra porque não consegue identificar a diferença se ambos tem o mesmo som. O erro ocorre porque a estrutura de assimilação não esta totalmente concluída e ela têm dificuldade para compreender a norma ortográfica. Nesse caso, o erro é parte de uma construção, porque a criança precisa reestruturar seu pensamento para escrever a palavra com a letra adequada.
No momento que a criança começa interagir com a língua escrita é que vai reformulando suas hipóteses e percorrendo seu caminho até chegar ao conhecimento.
O que geralmente acontece é que as crianças escrevem conforme falam e como cada região tem uma linguagem própria complica o processo de aquisição das normas ortográficas. Muitas escolas ainda desconsideram o contexto cultural de seus alunos e com isso a noção de erro ortográfico se acentua. Para Artur Gomes de Morais (2000, p.53) as escolas continuam não tendo metas que definam que avanços esperam promover nos conhecimentos ortográficos dos aprendizes. Nesta visão, a ortografia é tratada como objeto de avaliação e de verificação e não de ensino. Um exemplo é o do ditado, uma das atividades preferidas pelos professores para “ensinar” ortografia. Chamo a atenção, para o processo de correção do ditado, quem acertou ganha parabéns; quem errou recebe críticas e precisa copiar a mesma palavra várias vezes. O ditado, de forma alguma, é usado como fonte de debate entre os alunos sobre por que você escreveu de tal maneira e ou de outra? Como será que aparece escrita no dicionário a palavra “errada”?

Já, em outras escolas a ortografia tem um período especial reservado para os “exercícios de treino ortográfico” e a “recitação/memorização de regras”, ocorrendo o que Paulo Freire chama de transmissão de conhecimento, o aluno é submetido a recitar e decorar regras para que consiga realizar os exercícios propostos. Equivocadamente o professor trata a ortografia como uma questão “gráfica”, sem se preocupar em auxiliar as crianças a refletir sobre os princípios geradores que permite usarmos esta ou aquela letra.

Nenhuma criança conseguirá chegar ao nível ortográfico de escrita sem reflexão e ajuda de professores, muitas vezes de seus colegas e familiares, onde a leitura é uma peça fundamental neste processo de aquisição das normas ortográficas.
Artur Gomes de Morais (2000) propõe três princípios:
· A criança necessita conviver com modelos nos quais apareça a norma ortográfica; precisa ter um grande convívio com materiais impressos;
· O professor precisa promover situações de ensino-aprendizagem que levem a explicitação dos conhecimentos infantis sobre ortografia;
· O professor precisa definir metas ou expectativas para o rendimento ortográfico de seus alunos ao longo da escolaridade.
Não se pretende, aqui, dar receitas de como se faz, mas esses princípios podem auxiliar o pensar atividades que ajudaram na difícil tarefa de “ensinar ortografia”.

alfabetização na perspectiva construtivista

ALFABETIZAÇÃO/CONSTRUTIVISTA
Ao invés da clássica pergunta: como se deve ensinar a escrever, Emilia Ferreiro perguntou como alguém aprende a ler e escrever independente do ensino.
O aluno como sujeito

As teorias desenvolvidas por Emilia Ferreiro e seus colaboradores deixam de fundamentar-se em concepções mecanicistas sobre o processo de alfabetização, para seguir os pressupostos construtivistas/interacionistas de Vygotsky e Piaget. Do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, que passa a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe é "ensinado". Na perspectiva dos trabalhos desenvolvidos por Ferreiro, os conceitos de prontidão, imaturidade, habilidades motoras e perceptuais, deixam de ter sentido isoladamente como costumam ser trabalhados pelos professores. Estimular aspectos motores, cognitivos e afetivos, são importantes, mas, vinculados ao contexto da realidade sócio-cultural dos alunos(letramento). Para Ferreiro, "hoje a perspectiva construtivista considera a interação de todos eles, numa visão política, integral, para explicar a aprendizagem". O problema que tanto atormenta os professores, que é o dos diferentes níveis em que normalmente os alunos se encontram e vão se desenvolvendo durante o processo de alfabetização, assume importante papel, já que a interação entre eles é fator de suma importância para o desenvolvimento do processo.

Níveis estruturais da linguagem escrita.
A criança elabora hipóteses sobre a escrita Os níveis estruturais da linguagem escrita podem explicar as diferenças individuais e os diferentes ritmos dos alunos. Segundo Emilia Ferreiro são:
1) Nível Pré-Silábico- não se busca correspondência com o som; as hipóteses das crianças são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo. A criança tenta nesse nível:
Diferenciar entre desenho e escrita
Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras
Reproduzir os traços da escrita, de acordo com seu contato com as formas gráficas (imprensa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar para usar nas suas hipóteses de escrita
Percebe que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
Atividades que podem ajudar a avançar dessa fase:
- Mostrar onde se lê. Como nos portadores de texto, passe a mão para fazer a leitura. Peça que eles façam a pseudoleitura. Não deixem em momento algum de fazer o trabalho de base alfabética.
- Dêem fichas do nome, bingo de nomes, de letras.
- Leve jornal, revistas para a sala, monte o cantinho da leitura.
- Sempre que possível peça para a criança escrever o que ele desenhou, escrever o nome para identificar a sua “obra”.
- Dar giz para escreverem o nome, a parlenda, o nome da brincadeira.
- Fazer muitas listas.

2) Nível Silábico- pode ser dividido entre Silábico e Silábico Alfabético:
Silábico- a criança compreende que as diferenças na representação escrita está relacionada com o "som" das palavras, o que a leva a sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som. Utiliza os símbolos gráficos de forma aleatória, usando apenas consoantes, ora apenas vogais, ora letras inventadas e repetindo-as de acordo com o número de sílabas das palavras.
Silábico- Alfabético- convivem as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.


- Continuem com o cantinho da leitura, com os portadores de texto: parlenda, embalagens e rótulos, livros de história, listas, etc. Deixem que visualizem bastante escritas. Façam jogos e atividades onde a criança desestabilize suas hipóteses, como: escrever a palavra deixando as lacunas para preencher ora com vogais, ora com consoantes. Faça reconto, reescritas e produção de texto. Dê letras móveis, faça bastantes jogos e espere que o grupo vai crescer.
3)Nível Alfabético- a criança agora entende que:
A sílaba não pode ser considerada uma unidade e que pode ser separada em unidades menores.
A identificação do som não é garantia da identificação da letra, o que pode gerar as famosas dificuldades ortográficas.
A escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.
- É com G ou com J? Sempre que surgir dúvidas esclareça-as. Use o dicionário. Leia e peça que leiam livros motivadores e interessantes. Forme o hábito de fazer reconto com a crianças. Nessa fase faça bastante produção de texto. Interprete os textos lidos ora oral, ora escrito. Desafie sempre!
As atividades devem desafiar o pensamento das crianças e gerar conflitos cognitivos que os ajudem a buscar novas respostas
Smolka diz que podemos entender o processo de aquisição da escrita pelas crianças sob diferentes pontos de vista:
· O ponto de vista mais comum onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo "correto" do adulto;
· O ponto de vista do trabalho de Emília Ferreiro onde escrita é um objeto de conhecimento, levando em conta as tentativas individuais infantis;
· E o ponto de vista da interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo.
Cabe a nós educadores pensar nesses três pontos de vista e construir o nosso. Para a alfabetização ter sentido, ser um processo interativo, a escola tem que trabalhar com o contexto da criança (letramento), com histórias e com intervenções das próprias crianças que podem aglutinar, contrair, "engolir" palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para elas. Os "erros" das crianças podem ser trabalhados. Ao contrário do que a maioria das escolas pensam, esses "erros" demonstram uma construção, e com o tempo vão diminuindo, pois as crianças começam a se preocupar com outras coisas (como ortografia) que não se preocupavam antes, pois estavam apenas descobrindo a escrita. Errar faz parte do processo de construção, mas o que o professor não pode deixar acontecer é que a criança passe por ele sem repensar sua atuação, para isso ele deve fazer intervenções inteligentes que coloque seu aluno para reestruturar suas idéias.

A criança é um ser pensante que tem suas lógicas.
A escola tem que entender a interpretação das crianças sobre a escrita

Analisar que representações sobre a escrita que o estudante tem é importante para o professor saber como agir. Não é porque o aluno participa de forma direta da construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo. Ou seja, cabe ao professor organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando que ela aprende. Apesar de ter proporcionado aos educadores uma nova maneira de analisar a aprendizagem da língua escrita, o trabalho da pesquisadora argentina não dá indicações de como produzir ensino. Definitivamente, não existe o "método Emília Ferreiro", com passos predeterminados, como muitos ainda possam pensar. Os professores têm à disposição uma metodologia de ensino da língua escrita coerente com as mudanças apontadas pela psicolinguista, produzida por educadores de vários países. Essa metodologia é estruturada em torno de princípios que organizam a prática do professor. O fato de a criança aprender a ler e escrever lendo e escrevendo, mesmo sem saber fazer isso (pseudoleitura), é um desses princípios. Nas escolas verdadeiramente construtivistas, os alunos se alfabetizam participando de práticas sociais de leitura e de escrita (letramento). A referência de texto para eles não é mais uma cartilha, com frases sem sentido.


"... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam,há uma criança que pensa" (Emília Ferreiro) Achamos oportuno lembrar que o construtivismo não é um método de ensino. Construtivismo se refere ao processo de aprendizagem, que coloca o sujeito da aprendizagem como alguém que conhece e que o conhecimento é algo que se constrói pela ação deste sujeito. Nesse processo de aprendizagem o ambiente também exerce seu papel, pois, o sujeito que conhece faz parte de um determinado ambiente cultural.



A IMPORTÂNCIA DO ERRO CONSTRUTIVO

1.1 Introdução

Jean Piaget, durante os testes de raciocínio, estudou o caminho do raciocínio das crianças através do resgates das lógicas dos erros, resgatando o percurso da evolução do pensamento. Através de alguns questionamentos ele descobriu o caminho de trabalhar a partir do erro. “É errando que se aprende” (dito popular), vai ao encontro da noção de Piaget quando afirma que o conhecimento é um processo de fazer e refazer. Não um fazer e refazer de encher linhas com uma mesma palavra, repetindo corretamente num exercício mecânico na qual a criança decora na hora, mas que com o passar do tempo volta a errar.
O fazer e refazer na perspectiva construtivista é um processo de compreensão e construção de sistema da escrita, segundo Ferreiro (2001, p.15) “...se concebe a aprendizagem da língua escrita como a compreensão do modo de construção de um sistema de representação”. Nas tentativas dos erros e acertos, surgem hipóteses que vão sendo reformuladas. Nesta perspectiva o erro é construtivo quando ele é trabalhado e não evitado.
Entretanto os educadores alfabetizadores, ainda estão presos a visão de que sua tarefa é de apenas transmitir, repetir o saber, ensinando o certo e punindo o errado, desconsiderando, muitas vezes, que as crianças pensam, agem e respondem como crianças, e essas ações, respostas e pensamentos são analisadas do ponto de vista dos adultos.
Hoffmann enfatiza (1997, p.79) “nem todos os erros cometidos podem ser denominados “erros construtivos” passíveis de descobertas por elas em termos de melhores soluções. Os erros construtivos caracterizam-se por sua descoberta lógico - matemática. O erro só é construtivo quando a criança tem que reestruturar seu pensamento” .
A criança, quando entra na escola, já possui uma visão, várias hipóteses sobre a escrita, a troca que acontece na escola entre a linguagem e a escrita vai reformulando as suas hipóteses e caminhando rumo ao conhecimento. Este caminho que a ela percorre na evolução da escrita passa por níveis o pré - silábico, o silábico e o alfabético.
É nessa troca, na reformulação das hipóteses, nas passagens dos níveis que a criança comete erros. Neste período é preciso, trabalhar as dúvidas das crianças e, depois é que devemos fazer as intervenções necessárias. As intervenções em sala de aula precisam ser com atividades dinâmicas, lúdicas que incentivem os alunos a pensar. Propiciando conflitos cognitivos com reflexão e confrontação, sempre tendo em mente que há momentos adequados para todas as explicações.
Os erros são considerados como algo indesejável que é necessário eliminar, mas aos quais não se presta muita atenção. No entanto, os mesmos têm uma grande importância na aprendizagem e muitas vezes vemos que as crianças cometem erros sistemáticos ao aprender e ao explicar determinados fatos. Estes que aparecem em muitas ou em todas as crianças de uma idade determinada, rabiscos que as crianças fazem entre 3 a 4 anos, as palavras espelhadas, esses exemplos estão ligados à estrutura do pensamento.

1.2 O PAPEL DO ERRO NA APRENDIZAGEM

O Professor precisa aprender a falar a linguagem dos alunos e a fazer leitura de suas manifestações para poder acontecer uma reciprocidade onde o educador interage com o educando. O aluno não chega a uma resposta à toa, ele têm um raciocínio, o que pode acontecer é um desvio de pensamento, ou seja, ele não completa o pensamento. Nesse sentido os erros são justificáveis.
Segundo Ferreiro (2001) não devemos nos limitar a explicar a solução correta, nem tão pouco ignorar o erro, mas sim, conduzir o sujeito a buscar comparações que o faça avançar.
Quando uma criança de um ano cai ao tentar aprender a andar, dizemos: “Muito bem! Logo você vai conseguir!” Nunca dizemos: “ Uma criança de sua idade já deveria estar andando. Vou lhe dar um prazo até Sexta-feira”. É assim ainda que alguns educadores se comportam, dando prazos para as crianças aprenderem. Não podemos corrigir de forma imediata os erros, pois fazendo isso, as crianças ficam inibidas e pode impedir a reflexão.
As próprias crianças modificam sua perspectiva em relação ao erro e, também seus conceitos. Muitas crianças escrevem e comparam, e ao fazer isso, sentem que as palavras não estão iguais, elas dizem que não está completo que está faltando, que está trocado, mas não que está errado. Elas já têm a noção construída de que erro não é “erro”, pode ser falta de ... Sem constrangimento ou inibições e sem drama trocam ou acrescentam, sempre tentando, comparando. Ferreiro nos diz que (2001,p.86) ” ...em termos práticos, não se trata de continuamente introduzir o sujeito em situações conflitivas dificilmente suportáveis, e sim de tratar de detectar quais são os momentos cruciais nos quais o sujeito é sensível às perturbações e às próprias contradições, para ajudá-la a avançar no sentido de uma nova reestruturação”.
Para Piaget, a ortografia é concebida como um processo de compreensão e construção de sistema de escrita, na visão construtivista e está ligada à possibilidade do sujeito reconstruir o objeto de conhecimento por ter entendido quais são suas leis de composição. Tal reconstrução permite ao aluno reformular hipóteses a partir de suas descobertas; é um processo de tentativas, de erros e acertos.
Muitos professores, em sua prática tradicional, por desconhecerem a concepção de erro, não o compreendem e nem a sua importância para a alfabetização, ficando presos à idéia de que seu papel é simplesmente o de transmitir o saber, ensinando o certo e punindo o errado. São muitos os que ainda fazem os alunos repetirem corretamente dez ou vinte vezes uma palavra que escreveu errado. Esses educadores não percebem que isso é um exercício mecânico, na qual a criança decora na hora, mas que, posteriormente, esquece e volta a errar.
Foi a partir da década de 80, com o surgimento de novas abordagens sobre a educação que passou a ser trabalhada a abordagem construtivista que, ao contrário da tradicional, não teme o erro. Nessa abordagem, o erro deve ser trabalhado e não evitado. Visa-se, então, a um processo de aprendizagem no qual “errando também se aprende”.
Um exemplo que se pode observar é o seguinte: a professora trabalha o exercício “substitua com s ou ss”; a criança consegue realizar a atividade. Quando a professora apresenta o exercício “substitua com s ou z”, a criança erra porque não consegue identificar a diferença se ambos tem o mesmo som. O erro ocorre porque a estrutura de assimilação não esta totalmente concluída e ela têm dificuldade para compreender a norma ortográfica. Nesse caso, o erro é parte de uma construção, porque a criança precisa reestruturar seu pensamento para escrever a palavra com a letra adequada.
No momento que a criança começa interagir com a língua escrita é que vai reformulando suas hipóteses e percorrendo seu caminho até chegar ao conhecimento.
O que geralmente acontece é que as crianças escrevem conforme falam e como cada região tem uma linguagem própria complica o processo de aquisição das normas ortográficas. Muitas escolas ainda desconsideram o contexto cultural de seus alunos e com isso a noção de erro ortográfico se acentua. Para Artur Gomes de Morais (2000, p.53) as escolas continuam não tendo metas que definam que avanços esperam promover nos conhecimentos ortográficos dos aprendizes. Nesta visão, a ortografia é tratada como objeto de avaliação e de verificação e não de ensino. Um exemplo é o do ditado, uma das atividades preferidas pelos professores para “ensinar” ortografia. Chamo a atenção, para o processo de correção do ditado, quem acertou ganha parabéns; quem errou recebe críticas e precisa copiar a mesma palavra várias vezes. O ditado, de forma alguma, é usado como fonte de debate entre os alunos sobre por que você escreveu de tal maneira e ou de outra? Como será que aparece escrita no dicionário a palavra “errada”?

Já, em outras escolas a ortografia tem um período especial reservado para os “exercícios de treino ortográfico” e a “recitação/memorização de regras”, ocorrendo o que Paulo Freire chama de transmissão de conhecimento, o aluno é submetido a recitar e decorar regras para que consiga realizar os exercícios propostos. Equivocadamente o professor trata a ortografia como uma questão “gráfica”, sem se preocupar em auxiliar as crianças a refletir sobre os princípios geradores que permite usarmos esta ou aquela letra.

Nenhuma criança conseguirá chegar ao nível ortográfico de escrita sem reflexão e ajuda de professores, muitas vezes de seus colegas e familiares, onde a leitura é uma peça fundamental neste processo de aquisição das normas ortográficas.
Artur Gomes de Morais (2000) propõe três princípios:
· A criança necessita conviver com modelos nos quais apareça a norma ortográfica; precisa ter um grande convívio com materiais impressos;
· O professor precisa promover situações de ensino-aprendizagem que levem a explicitação dos conhecimentos infantis sobre ortografia;
· O professor precisa definir metas ou expectativas para o rendimento ortográfico de seus alunos ao longo da escolaridade.
Não se pretende, aqui, dar receitas de como se faz, mas esses princípios podem auxiliar o pensar atividades que ajudaram na difícil tarefa de “ensinar ortografia”.