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segunda-feira, 18 de abril de 2011

ENSINO DE QUALIDADE

Ensino e educação de qualidade (!?) José Manuel Moran Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância Texto publicado no livro Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica, 12ª ed. Campinas: Papirus, p.12 Há uma preocupação com ensino de qualidade mais do que com a educação de qualidade. Ensino e educação são conceitos diferentes. No ensino se organizam uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a que compreendam áreas específicas do conhecimento (ciências, história, matemáticas). Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Fala-se muito de ensino de qualidade. Muitas escolas e universidades são colocadas no pedestal, como modelos de qualidade. Na verdade, em geral, não temos ensino de qualidade. Temos alguns cursos, faculdades, universidades com áreas de relativa excelência. Mas o conjunto das instituições de ensino está muito distante do conceito de qualidade. O ensino de qualidade envolve muitas variáveis: Organização inovadora, aberta, dinâmica. Projeto pedagógico participativo. Docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente. Bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais. Relação efetiva entre professores e alunos que permita conhecê-los, acompanhá-los, orientá-los. Infra-estrutura adequada, atualizada, confortável. Tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas. Alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal. O ensino de qualidade é muito caro, por isso pode ser pago por poucos ou tem que ser amplamente subsidiado e patrocinado.Poderemos criar algumas instituições de excelência. Mas a grande maioria demorará décadas para evoluir até um padrão aceitável de excelência.Temos, no geral, um ensino muito mais problemático do que é divulgado. Mesmo as melhores universidades são bastante desiguais nos seus cursos, metodologias, forma de avaliar, projetos pedagógicos, infra-estrutura. Quando há uma área mais avançada em alguns pontos é colocada como modelo, divulgada externamente como se fosse o padrão de excelência de toda a universidade. Vende-se o todo pela parte e o que é fruto as vezes de alguns grupos, lideranças de pesquisa, como se fosse generalizado em todos os setores da escola, o que não é verdade. As instituições vendem externamente os seus sucessos - muitas vezes de forma exagerada - e escondem os insucessos, os problemas, as dificuldades. Temos um ensino em que predomina a fala massiva e massificante, um número excessivo de alunos por sala, professores mal preparados, mal pagos, pouco motivados e evoluídos como pessoas.Temos bastantes alunos que ainda valorizam mais o diploma do que o aprender, que fazem o mínimo (em geral) para ser aprovados, que esperam ser conduzidos passivamente e não exploram todas as possibilidades que existem dentro e fora da instituição escolar.A infra-estrutura costuma ser inadequada. Salas barulhentas, pouco material escolar avançado, tecnologias pouco acessíveis à maioria. O ensino está voltado, em boa parte, para o lucro fácil, aproveitando a grande demanda existe, com um discurso teórico (documentos) que não se confirma na prática.. Há um predomínio de metodologias pouco criativas; mais marketing do que real processo de mudança. É importante procurar o ensino de qualidade, mas conscientes de que é um processo longo, caro e menos lucrativo do que as instituições estão acostumadas. Nosso desafio maior é caminhar para uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas do sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social. E até agora encontramos poucas pessoas que estejam prontas para a educação com qualidade É de extrema importância para a sociedade que o país coloque a educação no topo das prioridades. Ressalta-se que se essa iniciativa for realizada, a probabilidade de atingir um ensino de qualidade é grande. É perceptível o grande desestímulo por parte dos profissionais da escola, equipes sem incentivo, mal remuneradas e principalmente o desinteresse por parte das famílias em relação ao que acontece com seus filhos no ambiente escolar. Os grandes problemas na Educação são: exclusão, evasão, retenção e baixo nível de aprendizagem. De acordo com pesquisas realizadas, 97% das crianças brasileiras entre 7 a 14 anos estão na escola e o restante 31%, que corresponde a 1,5 milhão de crianças, estão excluídas da formação escolar. Uma pesquisa realizada pelo Instituo Paulo Montenegro revelou que 74% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, não são capazes de realizar a leitura de um texto como este devido à dificuldade de interpretação. De cada 4 pessoas somente uma consegue entender um texto complexo. Na atualidade, momento no qual a globalização lidera, não há como sobreviver sem ter o domínio de competências básicas, como essa. O ideal é que os educadores atinjam o governo, no sentido de conscientizá-lo da importância da educação, investindo mais recursos em escolas e professores, estabelecendo uma política em longo prazo. Se houver uma união entre educação e governo será possível oferecer um ensino de qualidade para todo cidadão brasileiro.

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